quinta-feira, 29 de abril de 2010

[des]Apontamento



A gente sabe muito um do outro,
mas duvido que se conheça.
Só se chega a uma vaga ideia
do que alguém tem na cabeça.


segunda-feira, 26 de abril de 2010

Iemanjá



não me fale de ontem,
porque sou de agora

não me peça demora,
porque tenho pressa

não me cobre promessa,
pois admito engano

não me venha humano:
vivo prenha de mar


Poema publicado no Maria Clara em 10 de abril.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

De ponta-cabeça



O melhor
do amor,
à minha maneira,
não é amá-lo
inteiro,
mas inteira.


domingo, 18 de abril de 2010

Botafogo



depois de três anos,
o título justo ou não:
FOGO É CAMPEÃO!


terça-feira, 13 de abril de 2010

O erro



Talvez a expectativa
seja o erro.
Vive-se à deriva,
na ânsia
de um ineditismo ilusório.
Sabe-se tão só
que ao enterro
antecede o velório.
Daí a irrelevância
e o cinismo
de todo o resto.
Há algo, enfim, mais funesto
que o aguardo
do amor verdadeiro?
Crê-se que tem sabor de primeiro.
Pra mim, terá gosto de último.


domingo, 11 de abril de 2010

Aniversário do Doce de Lira



Também gosto de fazer poemas de um único verso.
Até mesmo de uma única palavra.
Como quando escrevo (...) no meio da página:

--------------------OBRIGADA!


Trecho do poema Conversa Fiada,
de Mário Quintana.

sábado, 3 de abril de 2010

Demaquilante



Você
não mais me lê.
Se o faz,
não me decifra.
É como se eu falasse
em outra língua
- inacessível.
Como se a frase
de minha boca
soasse pouca
- quase inaudível.
Por que,
se lhe dei
meus códigos,
comandos
e senhas?
Se de mim
fiz relatos,
memorandos,
resenhas?
Tudo em vão,
impressão minha.
Você ignora
linha por linha.
Age por si
- incompreensível.
E eu volto
a estar sozinha
- já sem rímel.


Escrito há alguns anos.