sexta-feira, 30 de julho de 2010

Maria Clara - uniVersos femininos



A obra que se fez do encontro
de doze poetisas espalhadas pelo Brasil
será oficialmente lançada
durante a 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo,
no estande da LivroPronto Editora,
de 12 a 22 de agosto deste ano.

O pré-lançamento será hoje às 20:30 h.,
na Casa de Cultura Popular em Caicó/RN,
terra natal de Hercília Fernandes,
organizadora do livro.

Em Belo Horizonte/MG,
o lançamento ocorrerá no mês de setembro,
em local e data a serem ainda confirmados.

Registro, desde já,
minha satisfação e alegria
em ser uma dessas dozes Marias
de mãos dadas em tão bela obra!


terça-feira, 27 de julho de 2010

Aos mascarados



Há tantos
bons modos
de alienar-se.
Pra que
o disfarce?

É incapaz
de saciar-se
com prazeres
inofensivos?

Precisa exibir-se
voraz,
autopredador
entre seres vivos?

Diante do espelho,
empenhe-se ao pavor
de descobrir-se
a própria presa.

Até lá,
conselho algum
lhe fará
defesa.



Após Pulp Fiction,
de Quentin Tarantino.

Imagem: Remorso,
de Salvador Dalí, 1931.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Na balança



oscilo
entre o que é
e o que suponho,
realidade
e sonho,
lucidez
e devaneio

titubeio
entre o que vejo
e o que imagino,
desejo
e desatino,
cupidez
e desprezo

à falta de um contrapeso


segunda-feira, 19 de julho de 2010

Olfato



sabe-se
verdadeira
uma amizade,
não por proximidade,
mas por sua essência:

aroma de permanência


quinta-feira, 15 de julho de 2010

Disparates



o mais triste
é o despiste
o faz-de-conta
da não afronta
o descaso
a longo prazo
a inverdade
da intimidade

o mais feio
é pôr-se alheio
a hipocrisia
do bom dia
a aspereza
da gentileza
o improviso
do sorriso

[como se não se amassem]


segunda-feira, 12 de julho de 2010

Crua



Assim
que chega
ao lar,
livra-se
de anel,
brinco
e colar...

Por isso,
não se tatua.
Sem o prazer
de despir-se
toda,
nunca mais
estaria nua.


Escrito a partir de:
"Revelar a tatuagem é revelar o que, no corpo,
esconde-se mais do que o próprio corpo,
com o propósito, entretanto, de se revelar."
Francisco Bosco, em Tattoo You, de Banalogias.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A parede, além de ouvidos



Insaciável a parede.
Tão logo pintada,
novamente se enche
de sede.
A perder-se,
quase chega
a coitada:
trinca
e infla,
de si infiltrada.

E, recostada à cabeceira,
como se ainda
à beira de um sonho,
com a tinta
eu me ponho
intrigada,
a indagar:
_ A que assistiu
cada camada?
Pois se logo
se consumiu a parede,
não há de ter sido
por nada.


Durante leituras de Manoel de Barros.

domingo, 4 de julho de 2010

Mão única



A vida é uma via
aonde se passa sem volta.
A vida é um havia.