quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Afortunada

 
pr'aquela tarde desesperada de sol,
ela preparou bolinhos de chuva.
 
contou pratinhas e foi à venda.
comprou farinhas, ovos, leite,
açúcar, fermento e canela.
 
às colheradas,
fritou-os na velha panela,
a mesma desde a infância.
 
bolinhos prontos,
estendeu a toalha mais bonita
e chamou à mesa a vizinhança.
 
mais quente que aquela tarde
foi o sorriso de todos,
o dela inclusive.
 
a partilha é riqueza que se vive.
 
 

sábado, 15 de dezembro de 2012

Em episódios


nada
nessa vida
é tão repentino,
nem mesmo a morte
dita súbita que de súbita
não tem nada, pois aguardada
desde que se nasce como destino

sim

nada
nessa vida
é tão inesperado,
nem mesmo um tornado,
que se faz tornado por ventos
de tempestade de nuvens estranhas,
o céu a dizer que também tem entranhas

assim

por que
nosso mundo
haveria de ter fim
agendado pra uma data,
tal qual compromisso ou festa
a exigir do homem terno e gravata?
todo fim caminho lento e sem passeata