Mataram alguém na esquina.
Das pessoas que passavam
fez-se uma multidão.
A vizinhança não,
mal olhou pela cortina.
Permaneceu em casa
diante do noticiário da tevê.
A multidão logo esvaiu-se,
que tinha mais o que fazer:
não havia sangue algum ao chão.
Onde é que já se viu morto que não sangra?
As tevês se desligaram
ao meio da novela.
Todos à luz da vela.
Escrito durante as oficinas do projeto Ave, Palavra,
promovido pela livraria A Terceira Margem.