[ poucas ]
que me conhecem
sabem que não me conhecem
[ como não me conheço ]
porque mais que direito
sou avesso
onde aparente
a costura
à mão e agulha
não tem começo
e embrulha rasgos sem cura
apenas remendos
a própria linha em tropeço
as pessoas
[ pouquíssimas ]
que me conhecem
sabem que não me reconhecem
[ como não me reconheço ]
porque jamais
assumi compromisso
[ sequer comigo ]
de ser isso ou aquilo
além ou aquém
do umbigo
a moeda
que me foi dada
não paga esse preço
as pessoas
[ raras ]
que me conhecem
sabem que não se conhecem
[ como não me conheço ]
porque viver
é ser e estar
em trânsito
a todo tempo
em avenidas
sem endereço
esse o intento das vidas
movimento
de recomeço
as pessoas
[ raríssimas ]
que me conhecem
sabem que não as conheço
[ e é verdade ]
quanto te olho
não encontro
alguém
em moldes
e traços
de gesso
só vejo espaço
e possibilidade
[ e agradeço ]