na roça da minha infância,
em toda noite de céu estrelado,
minha avó chegava à janela,
abria os braços
e pedia num sorriso:
vem me buscar,
Ser do espaço,
mesmo que seja
pr'um breve passeio!
eu assistia àquilo
com medo,
por acreditar na minha avó
e, consequentemente, em ets.
a nave nunca veio,
pelo menos não na minha frente.
hoje,
sempre que chego à janela
e vejo as estrelas,
em segredo
abro os braços
e peço num sorriso:
vozinha, me espera...
minha nave também vai chegar.
Escrito durante a oficina A arte de tecer com o fio da memória,
ministrada por Raquel Lara Rezende na programação do Sesc Literatura,
promovido pelo Sesc Juiz de Fora.