todo aquele que escreve transborda.
ainda que se escreva em um diário,
o cadeado a servir-lhe de tranca,
há somente a ilusão do segredo:
as confidências pertencem ao mundo.
todo aquele que escreve denuncia.
ainda que se escreva uma carta,
o nome do destinatário ao envelope,
há somente a ilusão do sigilo:
as notícias pertencem ao mundo.
todo aquele que escreva forja.
ainda que se escreva um soneto,
a rubrica sob os versos medidos,
há somente a ilusão da autoria:
as artes pertencem ao mundo.
e, afinal, se tantos escrevem,
é porque a existência
se exige compartilhada.
há somente a ilusão do corpo:
as vidas pertencem ao mundo.
6 comentários:
Poetisa,
Você cristalizou num poema nossa lida, para muitos tão sem sentido, para nós tão pesadamente leve (levemente pesada?), tão arduamente vivida, de trazer à baila as palavras que nos compõem.
Muito bom, sempre, ler você. Beijo!
Adorei este transbordar!
Beijo.
I was suggested this blog by my cousin. I am not sure whether this post is written by him as nobody else know such detailed about my difficulty. You’re wonderful! Thanks!
Conterrânea, com (ou sem) a sua licença, vou divulgar esse poemaço no meu facebook, para que todos saibam como tem poeta em minha terra. Parabéns, depois desse, venham muitos outros!!! Grande abraço.
Lindo, Rê. Preciso.
É tudo que eu queria dizer.
Obrigada Renata!!!
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