sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Epitáfio


impossível viver sem algum medo.
impossível amar sem o maior dos medos.



Escrito a partir de um texto do poeta Rogério Tadeu.
Fotografia-presente.

sábado, 5 de agosto de 2017

Na estação


toda a vida
andei de trem,
porque via graça
no apito,
na fumaça,
no som do atrito das rodas
sobre os trilhos entre as britas,
no vai-e-vem lateral dos vagões
por sobre a linha vertical e férrea.

as tardes eram tão bonitas,
que me escondi, certa vez,
e pernoitei no trem
: parado.

sem apito,
sem fumaça,
sem o som do atrito das rodas
sobre os trilhos entre as britas,
sem o vai-e-vem lateral dos vagões
por sobre a linha vertical e férrea,
passei a noite em claro.

era só o frio do metal,
era só o calafrio no escuro.
vagão duro sem janelas,
pó de caixas, fuligem,
saliva amarga.

ainda quero andar de trem,
só que não mais em trem de carga.



Fotografia minha.