sexta-feira, 26 de junho de 2009

Canja de filhinha



De onde
essa fome
de família?
Da mesa vazia de meu pai
ou do meu jejum de filha?
Meu pai não me deu sopa,
nem eu, a ele, colher de chá.
Não houve,
se bem não esqueço,
entre nós,
sequer um jantar.
O preço?
Ele não manja
que odeio manjar;
que já sou marmanja
e sei cozinhar.
Talvez nem note que fiz essa canja
pra nossa gastrite passar...



Selecionado no 6º Concurso Guemanisse de Contos e Poesias.
Integra a obra Narrativas e poéticas, publicada pela Editora Guemanisse em 2008.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Notas da confeiteira


Queridos leitores,

doce de lira é meu espaço particular,
inaugurado no dia 11 de abril de 2009.
Desde fevereiro, eu já participava do Poema Dia,
a convite de Victor Barone,
com um poema postado a cada dia 23.

Vieram-me, em seguida, outros convites.

Em maio, passei a integrar o Estúdio de Criação Poética,
por sugestão do idealizador Volmar Camargo Júnior,
após a aprovação dos demais membros.
Também em maio, ingressei no Mexe-mexe Poesia,
a convite da titular Beatriz - Compulsão Diária.
Ontem, aceitei o convite de Fátima Queiroz e Elza Fraga,
para integrar O gato da Odete.

Sempre que eu postar algum poema novo em um desses espaços,
convidarei vocês a me visitarem.
Hoje, a propósito, é dia de estréia!
Aguardarei vocês,
para conhecerem e comentarem Miada.
Um grande abraço e
obrigada por acompanharem minha produção.
Beijo especial a Talita Prates e a Carmen Martinez,
por haverem me presenteado com os respectivos selos
“Olha que blog maneiro” e “A dona desse blog é uma fofa”.

sábado, 20 de junho de 2009

Fotolito



Uma surpresa,
um passo em falso,
um tiro no escuro.
A correnteza,
um objeto sem calço,
o lado de lá do muro.
O ensaio,
um rabisco ao rascunho,
a tentativa.
Maio,
junho,
expectativa.
O miolo do pão,
o bumerangue,
o eco de um grito.
O porão,
o mangue,
o negrito.
Frações de mim
em fotolito.



Escrito em junho de 2006.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Medos



Carrego malas
pesadas e vazias.

Por que levá-las
se de nada
me servem?

As mãos parecem
menos frias
quando ocupadas.

As fantasias de alças
me [dis]traem

pelas calçadas.

Como de costume.


Onde haveria
um guarda-volumes?


sábado, 13 de junho de 2009

Noite dos namorados



Noite especial:
tudo aqui
lembra casal.
Pergunte a si
o que sente
[como fará,
afinal,
toda essa gente]
e se declare
ao pé do ouvido,
nem que o faça
a gaguejar.
Amor rendido
é que tem graça...
Eis o momento
e o lugar!

Poema exposto sobre as mesas.



Meu coração
em sua mão:
quer prova maior de amor?

O que seria
dos meus dias
sem você?

A resposta é sim!
O que perguntou mesmo
a mim?

eu e você
eu-e-você
euevocê

Por que não se atreve
e me agarra de leve!
[estamos em público]

Tanto tempo faz...
E amo você
cada vez mais!

O que mais quero
é começar do zero:
nosso primeiro beijo!

Às vezes, “tropeço”
e lhe peço desculpas.
Amo você!

Amigos, pelada, gelada.
Que nada...
Prefiro você!

Bilhetes, em formato de coração, disponíveis em murais.



Assim foi a noite dos namorados no Empório Artesanal, a casa mais romântica de Juiz de Fora:

Obrigada a Larissa e Bruno pela oportunidade de,
à luz de velas e sob a mira dos cupidos, divulgar o meu trabalho.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Ao aguardo do amor



Também sempre quis, amiga,
um amor que me viesse cantiga.
Que me ninasse
ao cair da noite
e me cantarolasse
à moda antiga.
Um amor ameno,
a menos
quando assim não o quisesse.
Um amor que soubesse
fazer-se meu
sem que eu
tivesse de pedi-lo.

Sempre quis, de verdade,
um amor que não gostasse
disso ou daquilo.
Um amor que concordasse
em ir comigo a todo canto
apenas pela minha companhia.
E que me trouxesse
menos dissabores
e mais alegrias.
De todos os meus amores,
o que me desse mais carinho,
o que me quisesse sua
sob todas as luas.
Mas um amor
que soubesse estar sozinho.
Que tivesse
afazeres particulares,
alguns prazeres
de quando ainda menino.
Um amor leve
que compreendesse
a ausência breve
de quando me sinto poetisa.

Também sempre quis, Elisa,
um amor que me aplaudisse.
Um amor maduro
que não temesse
me perder por tolices.
Que, seguro,
ele me motivasse a ser mais,
desprezando o ciúme
que, vez ou outra, sentisse.
Um amor que me beijasse
com suas mãos
em meu rosto.
Que me deixasse
na boca
um gosto de céu.

Cadê esse amor
que não sai do papel?
Que encomenda é essa
que não vem?
Metade de mim se desespera.
A outra metade é só de espera,
seja lá o tempo que passe.
Ah, eu sempre quis um amor
que assim também me aguardasse.


Diálogo, datado de 19/09/2006, com Elisa Lucinda, autora de Da chegada do amor:
http://www.escolalucinda.com.br/bau/dachegadadoamor.html

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Color-ir



A vida
é uma caixa sortida
de lápis de cor:


cada um
vive o tom
preferido que for.


Escrito há mais de 15 anos.

terça-feira, 2 de junho de 2009

O tempo



O que é a vida
se não uma sucessão de ontens?
- penso eu.
O dia da morte
não será ontem
pra quem morreu.
Vive-se de criar
o ontem
do dia seguinte.
Vive-se de pintar
o passado
em quadros
de pouco mais
de vinte metros quadrados.
O hoje é ficção:
diminutos
fragmentos de minuto,
partes
de um ontem em construção.


6º lugar no 1º Concurso Literário da Academia Campista de Letras, realizado em 2009.

Prêmio: publicação na Revista da Academia.
http://www.camposletras.com.br/artigos.php?id=22