segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Retrospectiva


assisti inerte à coreografia dos minutos,
que se repete incessante diante de meus olhos

nem sequer provei o ritmo, os pés descalços
mantidos rentes às almofadas de um sofá antigo

é novo não perseguir as horas, deixar que o tempo
aconteça ao fundo de todo o resto

sucederam-se os meses e chegou dezembro,
com suas noites festivas e expectativas

no calendário, inevitavelmente
prosseguirão o espetáculo e a dança

dos bastidores, silenciosamente
observarei a evolução das sombras e luzes

seja feita a Única Vontade


sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Introspectiva


dezembro insiste
na retrospectiva

querem-me feliz ou triste,
enquanto me sinto apenas viva

esta é a única celebração:
estar aqui, agora,
intimamente consciente
do flagrante mistério
sob nossos olhos

dispenso culpas,
desculpas e lágrimas

recuso promessas,
juramentos e pactos

querendo, abrace-me
para abraçar-se

esta é a revelação do abraço:
a experiência
do não espaço,
do não tempo,
da unidade

de resto,
tudo que veio e vier
é inventado

a verdade é
que não existem
futuro e passado

são apenas sonhos e fardos
que parecem ditar
quem somos

escute
[somos silêncio]