domingo, 4 de dezembro de 2016

Hóspede


Gullar não morreu
   - só foi habitar poema
             mais perto de Deus -



Fotografia: Ferreira Gullar (10.09.1930 - 04.12.2016)

domingo, 20 de novembro de 2016

Ordem


o céu me disse:
_ pede

pedi - pedi - pedi


e o céu me disse:
_ receba

recebi - recebi - recebi


e o céu me disse:
_ cede

cedi - cedi - cedi


e o céu me disse:
_ sobe

subi



Ao meu tio Geraldo.

sábado, 17 de setembro de 2016

Fortaleza


                        a dor da ausência

                        a perda da forma

                        a recusa do toque

                       o medo da recidiva


                 a mulher viva de peito vazio

                a mulher viva e o peito vazio

                     a mulher viva e o vazio

                            mulher e vazio

                                  mulher




Escrito após o filme Aquarius, com Sônia Braga.
Fotografia: Aquarius.

domingo, 21 de agosto de 2016

Andaime


     ergui um castelo para matrioskas

                            :

                 tijolos de papel
             argamassa de palavras

                            :

                  piso de madeira
                casa sem fundação

                            :

                        voaria

                            :
                            :
                            :
                            :

    não fosse o peso de quem o habita
                       em sigilo




Fotografia: Helena Terra.

domingo, 7 de agosto de 2016

Mano amigo


com o incentivo da Lei Murilo Mendes edição 2014.

Lançado na 1ª Bienal do Livro de Juiz de Fora, no dia 15/06/2016,
Mano amigo já foi também apresentado:


Em 13/08/2016, participarei da 3ª Festa Literária de Rio Novo e,
em 10/09/2016, realizarei outra sessão de autógrafos em Juiz de Fora.

De livro, Mano amigo ainda passou a projeto, 
a realização de palestras para pais e professores,
e de oficinas para crianças de até 7 (sete) anos.

Obrigada a todos pelo carinho, apoio e convites que tenho recebido!
Escrever tem me proporcionado belíssimos encontros.


domingo, 29 de maio de 2016

Inconfidente


todo aquele que escreve transborda.

ainda que se escreva em um diário,
o cadeado a servir-lhe de tranca, 
há somente a ilusão do segredo:
as confidências pertencem ao mundo.

todo aquele que escreve denuncia.

ainda que se escreva uma carta,
o nome do destinatário ao envelope,
há somente a ilusão do sigilo:
as notícias pertencem ao mundo.

todo aquele que escreva forja.

ainda que se escreva um soneto,
a rubrica sob os versos medidos,
há somente a ilusão da autoria:
as artes pertencem ao mundo.

e, afinal, se tantos escrevem,

é porque a existência
se exige compartilhada.
há somente a ilusão do corpo:
as vidas pertencem ao mundo.


sábado, 30 de abril de 2016

7 anos de Doce de lira


O blog Doce de lira completou 7 anos no dia 11 de abril,
com mais de 50.000 acessos.

Muito obrigada a todos que o acompanham,
comentam as postagens e me escrevem!

É sempre muito gratificante conviver com vocês
aqui e no Facebook (cliquem para acessar a fanpage).

Beijos da confeiteira!


domingo, 3 de abril de 2016

Inefável


sabe esse silêncio que você insiste
em se impor para melhor sobreviver
ao caos do mundo? desista.
aceite que a mente mente.
é ruído o silêncio que ela emite.
é burburinho a paz que ela inventa.
impossível criar silêncios...
são eles que antecedem as criações.
o silêncio que você busca já existe:
na infinita porção de nada que o habita.
o caminho? ausentar-se de si.


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Percalço


você não perde a cabeça
até que a perca

cuidado
para perceber



Poema de carnaval.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Relíquia


intocado
imponente
vazio
eu: teu
sarcófago

do que busco me esquecer,
ao escolher te lembrar?


segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

O caminho do meio


             o   bem   entre   o   mal
          o   acerto   entre   o   erro
          a   beleza   entre   a   feiura
         a   alegria   entre   a   tristeza
          a   vitória   entre   a   derrota
           a   vigília   entre   o   sonho

                    -   o  convite   -