quinta-feira, 18 de abril de 2013

Despudor


a mudez,
a sua antes da minha,
ambas a me ensurdecerem
por dentro.

quantas palavras omitidas ao vento?
quantas sílabas perdidas na língua?

a minha boca e a sua boca
trancadas.

que verdades requerem sigilo?
que intimidades se querem preservadas?

a minha mudez,
antes da sua,
insinua-se:
calar faz calor nas gengivas.

para que sepultar vontades
quando elas se nos dizem vivas?

a sua boca e a minha boca
fundidas.

que estranheza tem esse silêncio
se ele vem de nossas lambidas?

o imaginário é sempre real:
a nossa mudez,
a sua e a minha,
é a de um beijo atemporal.



Twitter: O beijo antecede às bocas.

11 comentários:

Renata de Aragão Lopes disse...

O beijo antecede às bocas.

JP. disse...

Digo: um ballet de silêncios, sílabas e intimidades...

lindo!
beijo grande, querida Renata.

Fabrício César Franco disse...

Poetisa,

... simplesmente lindo. Sem mais.

Um abraço, terno.

Renata de Aragão Lopes disse...

Queridos JP e Fabrício,

muito obrigada pela leitura!

Um beijo.

Domingos Barroso disse...

esse poema é daqueles
em que imagino a alma
silenciosa sentindo
uma espécie de júbilo
...


beijo carinhoso.

Renata de Aragão Lopes disse...

Exatamente, Domingos:
coisa de alma.

Obrigada pela visita!

Brunno Lopez disse...

Que descrição deliciosa.
Seus poemas sempre colocam intensidade em movimentos que parecem leves, mas acabam se transformando em algo muito maior.

Sorte de quem lê.

Gustavo disse...

Sensacional!!! Grande!

Beijos!

Renata de Aragão Lopes disse...

Que presente seu comentário, Brunno Lopez! Obrigada.

Agradeço também a você, Pablo Rocha, por sempre visitar o blog e me dar retorno de sua leitura.

Feliz! = )

Nadine Granad disse...

Lindo... lindo!...

O beijo tira o ar e o que fica é lume...

=)

Anônimo disse...

Tão gostoso!!! Tão meu...
Beijada.