sábado, 28 de fevereiro de 2015

Cíclico

 
deita tudo aquilo que se extravasa
dorme tudo aquilo que é de casa
e sonha tudo aquilo que tem asa
e vive tudo aquilo que se move
 
amanhece tudo que faz sentido
e floresce tudo o que é colorido
e acontece tudo o que é vivido
e então morre tudo que não se move
 
 
Escrito a partir do verso
amanhece tudo que faz sentido,
de autoria do poeta Igor Andrade.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Solidão

 
a solidão
é solitária por vocação.
precisa estar sozinha
sozinha na solidão
de estar sozinha
sem senão.
se não é solitária
não é solidão
nem está sozinha
é apenas senão
da solidão.
 
a solidão
é solitária por opção.
deseja estar sozinha
sozinha na solidão
de estar sozinha
sem senão.
se não é solitária
não é solidão
nem está sozinha
é apenas senão
da solidão.
 
a solidão
é solitária por frustração.
odeia estar sozinha
sozinha na solidão
de estar sozinha
sem senão.
se não é solitária
não é solidão
nem está sozinha
é apenas senão
da solidão.

solitária
a solidão
é seu próprio senão.



Para a querida Bia,
em um exercício após Gertrude Stein.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Doce de lira em Portugal

 
acaba de ser recomendado pela AICALivros,
revista da Associação de Investigação e Cultura
dos Açores/Leiria - Portugal.
 
Confiram o artigo neste link.
 

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Amor de papel

 
há grandes amores que só existem no papel. são tão pequenos que
cabem na sombra das letras e tão frágeis que se apagam antes do
ponto final. se reescritos, insistem no rascunho. o papel sujo, a
letra torta a tropeçar na pauta e a avançar sobre as margens.
amores pequenos que se agigantam nas palavras, como se
pudessem voar. mas não. são amores de papel, que não
resistem às lágrimas e trovoadas do céu. amores tolos
que temem a experiência do salto antes do abismo,
fadados a jamais se provarem no ar. sob as letras,
alimentam-se de sonhos e de medos. mantêm-se
em juras e segredos. enfim despencam no vão
das entrelinhas. pequenos grandes amores
que se querem somente estória. e que se
escrevem a lápis e à sombra de outras
histórias. para se apagarem sempre
no silêncio de alguma outra dor.