quinta-feira, 16 de março de 2017

Dunas


eu já fui tantas
que até duvido da minha
individualidade.

se plurais
as alegrias e as dores,
incontáveis
as angústias e os amores,
e imprevisíveis
os medos e as saudades,
como posso caber
na forma provisória e estreita
do meu nome?

eu sou feita de muitas:
das que ainda sou,
das que descartei por inutilidade,
das que perdi por distração ou preguiça,
das que sonhei conhecer algum dia.

areia aos ventos,
eu sou todas as dunas possíveis
e, em dias de tempestade, movediça.

a real ameaça
às minhas crenças,
o desvio ou atalho
em meu próprio caminho.

há fantasmas que me habitam
e falam não sei de onde.
toda vez que você me chama,
um coro é que lhe responde.



Poema de abertura da primeira edição do Projeto "O som da poesia",
desenvolvido com Thiago Miranda.

Um comentário:

Maria Rodrigues disse...

Magnifico poema
Beijinhos
Maria