sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A menina remendada


ela brinca
e sonha
tem medo
e vergonha

ela pula
e canta
às vezes
se espanta

ela é linda
e doce
melhor
que não fosse

a boneca é de pano:
tecido humano


ela reza
e confia
só gosta
do dia

ela vai
ela vem
a mando
de alguém

ela chora
e se deita
já menos
perfeita

a boneca é de pano:
retalho humano


com perdão e renda
ela se remenda

ela se remenda
com renda e perdão



Escrito em 2 de junho de 2011
para a querida Adriana Barata,
roteirista e diretora do curta Casa de Boneca,
minha estreia na maquiagem cênica.
O tema do filme é o abuso sexual infantil.

13 comentários:

Renata de Aragão Lopes disse...

Obrigada, Dri, por tudo que o Casa de Boneca me trouxe...

Muito sucesso a você e à sua arte!

Anônimo disse...

Renata, quando aparece uma postagem sua eu já corro para cá ler.
Como não sou crítico literário e sou apenas um leitor, meu comentário é bem simples e objetivo:
Li o poema
Senti o poema
Vivi o poema
Me senti bem com o poema
Enfim ...
Adorei o poema!

Só me resta parabenizar a poetisa, ou seja, a Renata que é a mãe do poema.
Um beijo no coração da minha amiga carioca do brejo
Manoel

Adriana Barata disse...

Cliquei. Reli. Reencontrei a força e a doçura de seus versos; relembrei o rascunho: o instante precioso em que nasce a emoção posta em rima... É BELÍSSIMO, Rê! É meigo, é colorido, mas segreda um subtexto forte e obscuro. Você decifrou a minha menina. E olha que Dezirrê era ainda só tinta e papel. (Revivi tanto que, ao abrir a janela de comentários do Blog: me voaram todas as palavras, ficando só o sentimento de admiração por sua capacidade infinita de versificar a vida. A nossa DEZIRRÊ, de carne e celulose - honrada está por já nascer em meio à poesia.
E o sucesso é garrafa de vinho que se abre com os amigos que ajudaram a pisar as uvas. Um brinde, minha amiga e profissional make-up stylist - o Casa é nosso! Graças por esse poema tão especial e tocante.

Unknown disse...

renda e ciranda, fio a tecer



bj

Mauro Lúcio de Paula disse...

Renata,
que doçura, que sensibilidade, que candura essa menina remendada. Fez-me sentir menino! Obrigado!

Primeira Pessoa disse...

putz, eu não vinha aqui fazia um tempão.
haja renda e perdão pra emendar meu soneto.

beijão,

r.

ps: ô esse verificador pra não-robôs é um trem doído demas. tem jeito?

Isa Lisboa disse...

Há bonecas assim, que precisam de se ir remendando...!

Renata de Aragão Lopes disse...

Primeira Pessoa, seu pedido foi atendido! Acabo de excluir o verificador de palavras. Obrigada pela sugestão! Um abraço.

Aproveito para agradecer a todos! Adoro minha confeitaria bem frequentada! : )

Dalva M. Ferreira disse...

Quem disse que a infância é feliz, acertou. Quem calou, também.

Bruna disse...

tanta delicadeza pra tratar de um assunto tão grave. Adoro sua sutilidade.

Miksileide P disse...

Lindeza !!!!!

Aprendiz do amor disse...

ninguém deveria crescer com vergonha de sonhar,
e brincar.

Maria Tereza disse...

QUE LINDO! FAZIA MUITO TEMPO QUE NÃO VINHA AQUI. ADOREI VOLTAR! =]