quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Encadeados


gostaria de que falasse comigo tudo
aquilo que guarda em seu baú trancado.
passe-me as chaves do cadeado:
eu lhe ajudarei a soprar
cada mínima palavra empoeirada.
todo segredo existe unicamente
pra ser revelado, mais nada.
passe-me as chaves do cadeado:
eu tocarei com a ponta dos dedos
a sua verdade silenciada.

não, eu não acredito que as tenha
perdido na madrugada.
passe-me as chaves do cadeado:
eu imagino que as leve
consigo pra todo lado.
cada segredo existe unicamente
pra ser revelado, mais nada.
passe-me as chaves do cadeado:
eu beberei na calada da noite
do seu mistério destilado.

passe-me as chaves.
por favor, passe-me as chaves,
que você sabe tanto quanto eu:
são elas que abrem
o meu baú guardado,
onde foram trancadas
as que abrem o seu.



A Ponte dos Cadeados, em Paris.

3 comentários:

Renata de Aragão Lopes disse...

Obrigada por me escrever.
Volte sempre!

Anônimo disse...

Lindíssimo, lindíssimo! A sua percepção sagaz sempre me surpreende.

Um beijo,
Ana C.

Si Lima disse...

Uau, as palavras te acompanham, de mãos dadas!!
Perfeito, eu diria!!

Beijoo'os
flores-na-cabeca.blogspot.com