o poema voou,
não sem antes
me chamar
a segui-lo.
sem asas,
como poderia
me arriscar
àquilo?
ainda que saltasse
ao sopro do vento,
eu sempre estaria
sem movimento.
e se o ar sôfrego
perdesse o fôlego?
trôpego, eu cairia
em dois tempos.
o poema voltou
e me disse
que o voo
é desejo.
em brasas,
ele haveria
de me levar
num lampejo.
foi assim que saltei
ao sopro do vento,
ao inspirar o primeiro
pensamento.
e se o desejo trôpego
perdesse o fôlego?
sôfrego, eu planaria
no contratempo.
Um comentário:
Esse poema te saiu uma renda, uma delicadeza intrincada.
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