domingo, 10 de maio de 2015

Retido

 
ela o havia perdido.
assim,
sem aviso prévio,
sem motivo certo,
sem o ter conhecido.
 
a notícia seca
a lhe engasgar o peito.
 
o choro contido,
o único meio de se fazer ininterrupto.
 
a vida jamais voltaria à de antes.
 
teria sempre
o sorriso imperfeito,
o abraço doído
e a alma triste.
 
e a maioria lhe dizia em tom de chiste
que logo, logo lhe viria outra espera.
 
o maior absurdo acerca do aborto
é que poucos o veem como filho morto.
 
o luto foi seu e de mais ninguém.
 
 

5 comentários:

Renata de Aragão Lopes disse...

Um feliz dia das mães a todas aquelas que perderam seus filhos durante a gravidez.

Ana Paula disse...

Linda a tua homenagem à essas mães esquecidas em sua dor. Outra espera para os outros... para quem ali abrigou uma vida, um luto.
Beijo!

Nadine Granad disse...

Triste, toca "cá" dentro...
Belo!

=)

Dalva M. Ferreira disse...

Bem bonito. Bem sentido. Coincidentemente, estou de luto pela minha primogênita, que se foi no dia 7 de maio agora, aos 30 anos. Dor, dor, dor...

Brunno Lopez disse...

Forte e esclarecedor, como deve ser.