sexta-feira, 8 de maio de 2015

Aos ares

 
o poema voou,
não sem antes
me chamar
a segui-lo.
 
sem asas,
como poderia
me arriscar
àquilo?
 
ainda que saltasse
ao sopro do vento,
eu sempre estaria
sem movimento.
e se o ar sôfrego
perdesse o fôlego?
trôpego, eu cairia
em dois tempos.
 
o poema voltou
e me disse
que o voo
é desejo.
 
em brasas,
ele haveria
de me levar
num lampejo.
 
foi assim que saltei
ao sopro do vento,
ao inspirar o primeiro
pensamento.
e se o desejo trôpego
perdesse o fôlego?
sôfrego, eu planaria
no contratempo.
 
 

Um comentário:

Dalva M. Ferreira disse...

Esse poema te saiu uma renda, uma delicadeza intrincada.