ela o havia perdido.
assim,
sem aviso prévio,
sem motivo certo,
sem o ter conhecido.
a notícia seca
a lhe engasgar o peito.
o choro contido,
o único meio de se fazer ininterrupto.
a vida jamais voltaria à de antes.
teria sempre
o sorriso imperfeito,
o abraço doído
e a alma triste.
e a maioria lhe dizia em tom de chiste
que logo, logo lhe viria outra espera.
o maior absurdo acerca do aborto
é que poucos o veem como filho morto.
o luto foi seu e de mais ninguém.
5 comentários:
Um feliz dia das mães a todas aquelas que perderam seus filhos durante a gravidez.
Linda a tua homenagem à essas mães esquecidas em sua dor. Outra espera para os outros... para quem ali abrigou uma vida, um luto.
Beijo!
Triste, toca "cá" dentro...
Belo!
=)
Bem bonito. Bem sentido. Coincidentemente, estou de luto pela minha primogênita, que se foi no dia 7 de maio agora, aos 30 anos. Dor, dor, dor...
Forte e esclarecedor, como deve ser.
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