sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Introspectiva


dezembro insiste
na retrospectiva

querem-me feliz ou triste,
enquanto me sinto apenas viva

esta é a única celebração:
estar aqui, agora,
intimamente consciente
do flagrante mistério
sob nossos olhos

dispenso culpas,
desculpas e lágrimas

recuso promessas,
juramentos e pactos

querendo, abrace-me
para abraçar-se

esta é a revelação do abraço:
a experiência
do não espaço,
do não tempo,
da unidade

de resto,
tudo que veio e vier
é inventado

a verdade é
que não existem
futuro e passado

são apenas sonhos e fardos
que parecem ditar
quem somos

escute
[somos silêncio]


5 comentários:

Lídia Borges disse...


Uma voz poética plena de maturidade. Destaco estes versos belíssimos:

"estar aqui, agora,
intimamente consciente
do flagrante mistério
sob nossos olhos"

Um bj.

Lídia

Fabrício César Franco disse...

Poetisa,

... É de se acabrunhar ao terminar de ler seu poema. Verdades ditas assim, poeticamente, fazem-se mais fundo do que percebemos, meramente.

Como disse Lídia, acima: versos de maturidade poética.

Beijo.

Renata de Aragão Lopes disse...

Lídia e Fabrício,

vocês são muito generosos.

Obrigada pela leitura e pelo carinho!

Dalva M. Ferreira disse...

Belo poema. Fica bonito, quando temos conteúdo, uma mensagem a passar.

Anônimo disse...

lindo.