Há uma solidão tão minha
que até de mim se disfarça
quando estou sozinha.
E não passa
onde quer que eu esteja,
porque sempre me segue
sem que eu sequer a veja.
Ela está aqui,
escondida,
mas quase despercebida
num beijo de amor.
É quando quase alcanço o céu...
... e de lá me assombro!
Quanto mais fantasio,
maior o vazio,
pior o tombo;
pois não há amor
sem alguma expectativa,
nem há expectativa
sem alguma dor.
Ilusão...
Desilusão...
É sempre o que resta.
A solidão é o fim da festa.
Quando muito,
há paetês no chão.
Ao menos sei
que é assim
e guardo pra mim
essa lucidez nas mãos.
Um dos quinze poemas selecionados no IV Prêmio Literário Livraria Asabeça
– Poesias, Contos e Crônicas, realizado em 2005, pela Scortecci Editora.
Integra a respectiva antologia.
Publicado no Poema Dia e debatido no Estúdio de Criação Poética,
respectivamente, em fevereiro e junho de 2009.