sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Meias verdades



se te disser a verdade direi que minto
não pelo inegável prazer que há na mentira
mas por ser branca e suave a taça que a vira
enquanto a verdade é vinho seco e tinto

se minha boca suporta dizê-la inteira
eu creio que a tua não tolera prová-la
não é todo segredo que cabe na fala
as uvas mais acres que fiquem na videira

brinda comigo sem receio ou amargura
que te direi ao meio essa verdade escura
há detalhes que se devem silenciar

as palavras por mim muito bem escolhidas
serão as mais doces dessas uvas colhidas
pra que não as desaprove teu paladar


43 comentários:

Fabio Rocha disse...

Estranhamente me deu agonia esse poema, imaginando as palavras para mim na boca de uma mulher. :) Beijos

Marcelo Novaes disse...

Renata,





Meias verdades, sempre à meia-luz.


Ou à meia taça.


[Em ambos os contextos da expressão].





Beijos,










Marcelo.

Mário Liz disse...

" quero
ver
dades
sem
ver
tigens "




Ps: ficar sem visitar a tua poesia, machuca minha saúde.

lindo soneto

Tânia T. disse...

hummmm.... amei!!
Muito lindo!!
*-*

marcia szajnbok disse...

renata, que surpresa! vc sonetando! muito bom!
bjinho

Marcelo Novaes disse...

Renata,



Deixo a pergunta para quem segura a taça: só se toleram as meias verdades?!



Hummm...?!



Hummm...?!






Beijos,









Marcelo.

Anônimo disse...

Olá Renata primeiramente gostaria de me desculpar pela minha ausência é q estou há alguns dias fora de casa e o acesso está meio difícil, estou no Piauí...

saudade do sabor de suas palavras, prometo passar por aqui mais vezes agora estou na capital então fica menos dificil, parabéns pelo belo soneto,

um grande abraço
do Ge.

Anônimo disse...

Como diria Cazuza, "mentiras sinceras me interessam". Que cada um conte a sua meia-mentira ou meia-verdade, é difícil ter certeza do que realmente algo é, mas certeza eu posso ter que esse soneto não é de mentirinha, hehe.

Show, Renatinha!

Beijos.

Unknown disse...

Meias verdades que incomodam que as vezes preferimos não ouvir, mas será que é só por medo?

Bjos

BAR DO BARDO disse...

É de dar água na boca.

Bom trabalho, Renata!

Anônimo disse...

seus textos são tão perfeitos
cada espaço completo com palavras
que se caixam ali ,aqui com perfeição
riqueza de detalhes ,virgulas acentos
tudo postado aqui.

Ludmilla Cardoso de Oliveira disse...

a primeira estrofe é perfeita. adorei, abraço

Ryanny disse...

Belo soneto.


Meias verdades,
o vinho vai torná-las mais fáceis de ingerir.



Beijos,
Ry.

Concha disse...

Verdade, é utopia criada por nós.
Não acredito que a verdade verdadeira exista realmente.
E também sou apologista, que quando se bebe, que seja um bom vinho.
Adorei este poema.
Beijinhos

Renata de Aragão Lopes disse...

Primeiramente, uma pequena retificação: na pressa, havia digitado "brinca" onde deveria ser "brinda".

Passo aos comentários.

O soneto lhe deu medo, Fábio Rocha? : )

Marcelo Novaes, acredito que a maioria das pessoas prefira uma mentira branca e suave a uma verdade tinta e seca. Não?

Marie, o vinho, pelo menos em tese, na dose e temperatura certas...

Mário Liz, obrigada pelos versos! Gostei de saber que tem crise de abstinência quando fica sem doce de lira! : )

Tânia Girl, que bom que gostou do poema!

Márcia Szajnbok, escrever sonetos é um desafio...

Geraldo de Barros, muito grata por prestigiar minha confeitaria em condições tão desfavoráveis! Um excelente passeio por aí!

Lara Amaral, você tocou no âmago da questão: "é difícil ter certeza do que realmente algo é". O que seria, afinal, a verdade?

Mais um imundo no mundo impuro, qual o seu nome? : ) Sua dúvida procede...

Bardo, dar-lhe água na boca com um soneto é um grande prazer!

Mateus Luciano, muito obrigada por tamanha admiração! : )

Ludmilla, é que a primeira estrofe já traz o poema inteiro...

Ry, e o que aconteceria quando passado o efeito do vinho?

Conceição, você arriscou conceituar a verdade: uma "utopia criada por nós". Adorei!

Um beijo especial a todos vocês!

Meg disse...

Renata,

Agradecendo a tua visita e com mais tempo para te ler... aqui estou.
E gostei do que li, sua forma de tratar as palavras é muito bonita.
E este soneto revela-o bem.
Parabéns, voltarei... sempre.

Um beijo para você

Bebel disse...

O poema é muito lindo, não há o que se discutir sobre isso.
Mas confesso que tô aqui refletindo. Cheguei à conclusão de que não gosto de verdades homeopáticas não. Prefiro as que chegam de uma vez, mesmo que tragam consigo aqueles efeitos colaterais chamados DOR, DECEPÇÂO, TRISTEZA...

Me veio a música da Maria Gadú, quando mentir for preciso, poder falar a verdade...

Beijos

Rosemildo Sales Furtado disse...

Por mais dura e difícil que seja, prefiro a taça de vinho seco e tinto.

Belo soneto, bastante profundo.

Beijos, e bom final de semana.

Furtado.

Eraldo Paulino disse...

no bar das confissões, eu gostaria de ser a cachaça que dá coragem de aditir ou o vinho que ilumina a cara-de-pau de esconder, mas acabo sendo mesmo o vidro que hora contorce, hora revela, dependendo do ângulo que se vê.

Lindo Soneto. Linda você!

Bjs!

Lai Paiva disse...

Perfeito Renata. Muito bom mesmo. Que grande poetiza é vc!!! Bjs

Anônimo disse...

lindo,renata
a gente aprende com o tempo a dizer meias verdades talvez até pra não sofrer tanto né?
um beijo
tesoura

Marcia Carneiro disse...

Maravilhoso, lindo. Isso tudo me invadiu a alma. Parabéns! Tua "metade" é inteira. Lindo demais. Branco, suave, um soneto que de tonto não tem nada...

lisa disse...

a verdade tem de fato um sabor desaprovado pelas massas e as vezes pelos corações sutis. Belissimo poema! :)

nydia bonetti disse...

Eu, já não suporto as meias verdades, Renata. Prefiro o gole seco e tinto. Depois, a inevitável ressaca...

beijos!

Tiago Moralles disse...

Brindemos a essas, sempre doces palavras.

Gerana Damulakis disse...

Bom poema, como sempre.

Gilbamar disse...

Soneto simplesmente encantador, daqueles que nos fazem aplaudir de pé.

Poético abraço de Gilbamar.

Anônimo disse...

Re... o Galeano tem um continho onde ele cita uma moça chilena repetindo uma frase do pai, conhecido vinicultor, em seu leito de morte: a uva, minha filha,a uva nasce do vinho.

beijo, bonita

Roberto Wolvie disse...

Moça, gostei bastante desse e dos debaixo. Poesia é algo que não flui tão natural na minha escrita, fico contente de encontrar pessoas como você que desenvolvem tão bem.
Mas vou tentar uns exercícios também.
Um beijo.

Moni Saraiva disse...

Cazuza tinha lá a sua razão: "(...)mentiras sinceras me interessam(...)"

Antes de qualquer coisa, a intenção. É o que pra mim, faz a diferença.

"não é todo segredo que cabe na fala"

Essa sim, é a verdade perfeita. Todo ato tem bastidores. Toda palavra tem um quê de silêncio. E quem vai saber???

Adorei o doce soneto, Rê...só pra variar...

[ rod ] ® disse...

Genial! "não é todo segredo que cabe na fala"... nem toda verdade que seja puramente verdade! bjs moça.

Renata de Aragão Lopes disse...

Meg, Rosemildo Sales Furtado, Eraldo Paulino e Vitinho, sejam muito bem-vindos ao doce de lira! Espero reencontrá-los por aqui!

Marcos Satoru, Lai Paiva, Márcia Carneiro, Lisa Alves, Tiago Moralles e Gerana Damulakis, que bom que gostaram tanto assim deste soneto!

Bebel e Nydia Bonetti, também prefiro, como vocês, a verdade tinta e seca, com todos os seus efeitos colaterais! (risos) Mas a arte do diálogo está em se conhecer o interlocutor. E nem todos estão preparados ou dispostos a essa taça...

Tesoura, a gente aprende, com o tempo, a dizer meias verdades para amenizar o sofrimento alheio! ; )

Gilbamar, muito obrigada por me aplaudir de pé!

Marjorie, que lindo: "a uva nasce do vinho"...

Roberto Wolvie, muito obrigada pelo elogio! Espero que retorne à minha confeitaria!

Moni e Rod, "não é todo segredo que cabe na fala" - ainda que ele contenha a mais pura verdade! De fato, "todo ato tem bastidores. Toda palavra tem um quê de silêncio. E quem vai saber?" : )

Um abraço apertado a todos vocês!

Carol Mioni disse...

Meu deixou com vontade de falar um não sei o que pra não sei quem que me sufocou no meio do caminho.

Talita Prates disse...

Bravo, bravíssimo, Re!

Forma e conteúdo impecáveis.

Das considerações já referidas acima, simpatizo-me muito com o que a Nydia colocou.

Mas a tua questão à Lara é, de fato, o cerne de todas as demais. O que é a verdade?
Nietzsche diz que "não há fatos, há interpretações". (Um enunciado que também é uma auto-refutação. rs)

qualquer que seja o vinho:
a arte está na "boa" (apropriada) colheita das uvas.

um bjo, amiga!

PS: (um email, por favor! rs)

Raíça disse...

seus poemas são incríveis, nesse cheguei a fzr imagem mental das palavras boiando na taça de vinho..
ganhou a seguidora (:

J.F. de Souza disse...

a videira inteira
pela vida inteira

as meias verdades são só pra fazer propaganda

guru martins disse...

...omissão e mentira
são recurso de preservação
que a vida colocou à nossa
disposição. Morreiamos
se soubéssemos toda verdade
o tempo todo, tanto que
muitas vezes mentimos
pra nós mesmos e guardamos no
sótão da mente e muitos pagam
um outro para revelar-lhe
as suas próprias verdades.
belo texto...

bj

Clariinha Santana disse...

Passei aqui com o intuito conhecer, e fiquei me deliciando com seus textos... Você põe sintonia nas palavras, adorei tudo mesmo... parabéns ;)

Sabrina Davanzo disse...

"não é todo segredo que cabe na fala" Que lindo, Renata! Adorei seu sonetinho.
Saudades daqui... ando meio sumidinha né? Mto trabalho,cuidando da sáude, etc. Mas estou aqui, e amando, como sempre.

Beijos, querida!

Renata de Aragão Lopes disse...

Carol Mioni, talvez a sua boca não haja tolerado a própria verdade...

Amiga Talita Prates, seu comentário me veio como presente!

Raiça, muito obrigada por se tornar seguidora do doce de lira! : )

J.F. de Souza, gostei dos versos! Um brinde à sinceridade absoluta!

Guru Martins, adorei seu ponto de vista! O mais triste é quando mentimos pra nós mesmos...

Clariinha.santana, seja bem-vinda à minha confeitaria! Aguardarei seu retorno! : )

Sabrina Davanzo, saudade de você também! Janeiro nos impõe, realmente, muitas rotinas.

Um beijo a todos vocês!

Patrícia Lara disse...

Uau!
Pura arte! Pura perfeição!

Parabéns, Renata!

Beijos
Patrícia Lara

Anônimo disse...

Meias verdades são 2/3 de mentira.

Renata de Aragão Lopes disse...

Patrícia Lara, muito obrigada por seu "uau"!

Felipe Carriço, as meias verdades sequer possuem, às vezes, alguma mentira...

Um beijo aos dois! : )