Uma surpresa,
um passo em falso,
um tiro no escuro.
A correnteza,
um objeto sem calço,
o lado de lá do muro.
O ensaio,
um rabisco ao rascunho,
a tentativa.
Maio,
junho,
expectativa.
O miolo do pão,
o bumerangue,
o eco de um grito.
O porão,
o mangue,
o negrito.
Frações de mim
em fotolito.
Escrito em junho de 2006.
24 comentários:
"O ensaio,
um rabisco ao rascunho,
a tentativa.
Maio,
junho..."
Renata, só essa marcação rítmica já justificaria o poema. Ele é muito bom. Bate e volta como um bumerangue!
:)
Beijos,
Marcelo.
Junho de 2006? Nossa...
Beijos
;D
Um poema lindo e cheio de ritmo.
Beijos.
meio parecido com o tudo ,o nada ,o começo eo fim ...
muito bem tratada, a expressão poética. numa quase brincadeira com as palavras.
beijos
Gosto demais deste estilo...solto e que deixa para o leitor a decisao final. Muito bom
Renata!
“Uma surpresa” – primeiro verso que leio na primeira visita que faço.
Uma, duas, várias – todas as surpresas com as quais teus [ótimos] poemas me encantam.
Já te sigo - e seguirei também em meus “passeios” sempre por aqui!
Assino em baixo de todos os comentários que me antecedem: precisão, concisão, ritmo - o poema respira.
Abraços, bons caminhos pra ti,
Raul
linda em fotolito.
indiquei seu blog pra um selinho que recebi. Porque gosto de ler você.
Fotolito irretocável esse aqui.
beijos!
Com essas fraçoes alguem é capaz de te decifrar? Ou pelo menos junta-las para te achar....rss
Beijos
me agrada vc fracionada. tanto a nos dizer os fragmentos, hm?... na expectativa do "volta-bumerangue". e de que o mangue sobreviva aos nossos ecos.
beijo :)
Renata,
Gostei muito do teu (bio)tipo poético.
Teu fotolito, tua alma.
Escrevi esse poema há exatos 3 anos. Muito tempo, né, Mariana? : )
Com o seus comentários, Marcelo e Graça, é que observei a marcação rítmica que dei ao poema naquela época: inicialmente, 6 estrofes de 3 versos; de duas em duas estrofes, as rimas de cada verso coincidentes. Ao final, uma única frase distribuída em 2 versos, com a síntese de tudo que havia dito. E curioso: o poema não possui sequer um verbo! Obrigada, colegas, pela oportunidade de reler com acuidade, após 3 anos, meu próprio texto! (risos)
Mateus, Mariab e Giselle, obrigada por registrarem aqui as suas impressões. Cada leitura é única...
Raul, muito bom que você me siga! Quanta energia há em suas palavras! Obrigada.
Grata, Carmen, pela visita, pelo elogio e pelo presente! Irei ao seu blog para ver como isso funciona.
Irretocável, Tião? Que bom, então! : )
Ruberto, bem-vindo ao doce de lira! Espero que retorne mais vezes. Se é possível me decifrar a partir dessas frações? Acredito que não! Há tantas outras. Eu diria que citei, neste poema, as mais inconstantes. Repare!
Verdade, Nina! Os fragmentos, embora pequenos, contêm tantas informações...
(Bio)tipo poético. Adorei a expressão, Adriana! Meu fotolito, minha alma (em fragmentos).
Um abraço ENORME a todos vocês!
"e que sobrenome bonito".
Assim, rima pobre,
mas é para elogiar:
E sabe que eu não sei
se ainda me agradam as rimas,
mas que na tua forma de expô-las
caem também, soam tão bem...
sem
chateação.
Um abraço!
A poesia, a escrita têm esse perigo. Os passos em falso, o que se revela em negativo.
Bem sacado e tá bonito Renata.
Que elogio, Priscila! Obrigada! As rimas realmente correm o risco de chatear...
Eba! Visita da Bea! Como bem disse: meu negativo.
Beijo, queridas!
Nossa!
Gostei, e gostei muito. E não costumo muito das coisas. rs
Abração!
Li tua foto...
Muito bom Renata!
Parabéns!
Beijos!
Gostei, amada!
"Frações de mim..."
no filme da vida acontecem os instantes que nos fazem.
e tudo se revela pela luz.
em ti,
fotolito,
também em luz.
Renata, belo poema!
Ígor, Tonho, Taty e Vicente, obrigada por cada elogio. Beijo pra vocês.
Renata,
Adorei "Fotolito".
Pro meu gosto, seu poema mais interessante, porque me desafia, não me chega todo pronto.
Tenho lido e relido. Mas acho os dois versos finais
redundantes e não gosto do título; sinto que o poema fecharia bem em "negrito"; acho o fotolito, enquanto metáfora, meio pobre. Às vezes, certas coisas são maravilhosas para nos dar a partida, mas depois a gente se acostuma e não percebe que devia tê-las deixado no caminho. Acho que o fotolito foi meio isso no seu poema que, tenho para mim, não precisa dele nem um pouco.
E não consigo encontrar outra razão para "maio,/junho" senão para completar uma rima de uma forma esperta. Poderia ser "fevereiro, março" ou "julho, agosto" sem mudar o sentido? Se poderia, eu acho que perde a graça.
Acho o desafio da rima e da métrica a maior prova para um poeta, mas a armadilha é grande. Admiro-a muito por meter a cara, mas sinto às vezes a rima ganhar de você. Você não sente às vezes? Eu me deixo subjugar muito pela métrica; sinto que ainda não domei essa fera. Tenho poemas que eu vejo muito bem uns versos que estão ali cumprindo: a cola do vaso. Por outro lado, tenho essa crença absurda que tenho de escrever dentro de uma forma pronta para poder superar meu particular,
meu pequeno. Ou, pelo menos, deixar ao leitor que me abomina o consolo de que aquilo pelo menos me deu um certo trabalho.
Adoraria ver mais coisa sua indo pelo caminho do "Fotolito", que mais me parece um não-caminho mesmo, uma correnteza. O trecho "o miolo do pão... negrito" é genial, perfeito, me invadiu de forma tão contundente quanto rara.
Meus parabéns e admiração!
Beijo.
Ei, Felipe! Há quanto tempo não nos falamos. Nem imaginei que visitasse, às ocultas, o doce de lira. (risos)
Gostei muito de tudo que disse. São esses "toques" que acrescentam, fazem a diferença! Obrigada pela análise tão apurada.
Sim... Os dois últimos versos talvez soem desnecessários. Mas eles, na verdade, que me entregam. Até então, inexistia no poema qualquer referência a mim. Se bem que, pra você, a própria alusão em si, de repente, seria redundante... É um ponto de vista interessante. Mas que nem me ocorreu, quando o escrevi exatamente há 3 anos: junho de 2006.
Maio e junho, portanto, são, sim, mais que rimas... Falam da data em que escritos os versos. Registram expressamente uma época. Incabível a troca por quaisquer outros meses. (risos)
Concordo que as rimas, às vezes, ganham de mim. Até já fiz um poema meio bobo a respeito. Sinto que elas se impõem. E minha resistência - confesso - não é tão grande assim. Deixo vir a inspiração tal como ela me aparece. Se, ao final, o poema me desagrada, eu o engaveto. E pronto.
"Fotolito", aliás, era um poema engavetado! Apenas o expus para mesclar, no blog, minhas poesias atuais e antigas. Antes dele, havia publicado "Medos", poema escrito na data da postagem. Pra você ver: nem pensei muito se o poema era tão bom ou não. Fui logo [a]postando. (risos) Acho que por já haver me surpreendido... Vi que "Color[ir]", poema tão simplório, escrito há mais de 15 anos, agradou a tanta gente. Nem todo mundo está disposto a enfrentar poemas longos ou mais complexos... Quer mais é se distrair.
Obrigada pelo excelente comentário, Felipe! Eu me lembrarei do conselho-desafio: escrever outros "indo pelo caminho do Fotolito".
Grande abraço... e se manifeste sempre!
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