segunda-feira, 13 de julho de 2009

Armadilha



Ao publicar uma obra,
o autor se arrisca.
Quando esta faísca
a lhe dizer que brilha?

Renata de Aragão Lopes



Debrucei-me, por 30 dias, sobre a
"Obra imatura",
de Mário Raul de Morais Andrade,
por sugestão e presente da Editora Ediouro.

Imatura? - a primeira de minhas indagações.
O título se justifica por trazer a obra
textos antigos e outros que o autor,
ainda em produção,
considerava não amadurecidos.

De início, o livro publicado em 1917
cujo título é um verso alexandrino:
"Há uma gota de sangue em cada poema".
Sob o pseudônimo de Mário Sobral
e a assumir os custos da gráfica,
o autor o lançou com apenas 13 poemas,
todos escritos em abril,
dentre os quais destaco
trechos de a "Exaltação da paz"
e o romântico "Epitalâmio".
Criticado à época, o livro foi definido
pelo próprio Mário de Andrade
como um "livrinho de versos pacíficos",
"ruim esquisito".

Em seguida, "Primeiro andar":
uma seleção de contos
escritos entre 1914 e 1922.
Excelente leitura.
Temas variados, abordagens peculiares.

Por fim, "A escrava que não é Isaura",
ensaio em que Mário de Andrade
propõe a arte moderna brasileira.

O que mais me encantou?
Conhecê-lo!
Descobrir que, metódico,
mantinha seus manuscritos
em pastas de cartolina colorida;
que, curiosamente,
destruía os passos de seus textos,
assim que publicados;
que era capaz de se dedicar
à elaboração simultânea de obras;
que olhava severamente para seus escritos
e os revia, com acréscimos e rasuras
feitos a pena ou grafite.

Para deleite, a "Obra Imatura" traz,
em suas últimas páginas,
cópias de alguns manuscritos
datilografados e rasurados pelo autor.

Além de, em minha estante,
o livro encontra-se disponível
no link:
Obra Imatura

18 comentários:

Beatriz disse...

Que maravilha, Renata. Excelente leitura e ótima dica. E o título é precioso. Se todos fosse capaz de reconhecer a imaturidade de suas obras dessa forma, hein?

gostei de iniciativa também. Poetisa que lê e vê além do poema;))

Anônimo disse...

otimas ideias tive lendo isso...

Úrsula Avner disse...

Oi Renata, fiquei muito feliz com sua visita e comentário tão gentil no Gotinhas de poesias. Vi que voce participa também do Poema Dia que eu já linkei no meu blogger e gosto muito de acompanhar. Também tenho um blogger de poesias para adultos- O Sempre Poesia. Visite-me quando puder OK ? Também passo a segui-la com muito przer. Bj.

Pena disse...

Oh, Simpática Amiga:
Um nome a reter: Mário Raul de Morais Andrade.
Um post pertinente. Manifesto e pleno de justiça.
Parece-me um Ser Humano repleto de intenções nobres, sinceras e atitudes solidárias visíveis e de um profundo valor.
Deu vida a uma Excelente causa.
Parabéns sinceros.
Tudo aqui fascina.
Com respeito, estima e imensa consideração.
Cordialmente e imbuído da maior simpatia...
Beijinhos amigos

pena

Adorei. Possui um blogue lindo e sensível.
Bem-Haja pela sua simpatia comigo.
MUITO OBRIGADO, amiga!

Castro disse...

Legal, eu acho que todos temos manias com nossos escritos, e que toda vez que lemos os nossos proprios textos, temos vontade de mudar alguma coisa neles, pelo menos é assim comigo

Beijos

Sempre Que Penso... disse...

Que linda data 14 de fevereiro,foi
Quando meu pequeno irmao caçula veio a mim, a 11 anos traz, e ainda me emociono, pois foi uma das primeiras coisinhas que ele aprendeu a falar...
-Quando é teu aniversario Matheu?! -'14vefelêlu'

Obrigada querida
Pela visita e comentrio
XeerOo'

Fernanda disse...

Olá Renata!
Vim retribuir a sua visita em meu cantinho...

Amo poesias! E adorei o que escreveu... não conhecia esse poeta...

Beijos,
Fernanda.

Graça Pires disse...

É sempre um assombro descobrir e conhecer um autor... Posso imaginar o prazer.
Beijos.

Luciane Slomka disse...

Que boa dica Re! Por acaso tu já leu o livro dele com o Fernando Sabino, "Cartas a um jovem escritor"? Nossa, é uma coisa muito linda. Eu devorei! Recomendo! Beijos, guria!

Unknown disse...

Ele além de poeta, foi também um grande conhecedor de música. É um dos mais cuidadosos manejadores da palavra da língua. Não foram em vão as suas constantes revisões. Bela homenagem, e lembrança muito oportuna. Beijos.

Renata de Aragão Lopes disse...

A questão da armadilha, Bea... Obrigada pelo delicado comentário!

Inspirou-se, Mateus? É tão bom quando isso acontece!

Pena, obrigada por suas palavras!

Ariane, eu raramente altero meus textos. Simplesmente porque não consigo! Resultado: poemas que julgo feios ou incompletos tendem a ficar engavetados para sempre! (risos)

Fernanda, sugiro, então, que o conheça!

Verdade, Graça! Há um imenso prazer em se descobrir pormenores de um grande autor...

Obrigada por mais uma dica, Lu! Acho até que já mencionou essa obra em seu blog, não?

Isso mesmo, Djabal! Mário de Andrade foi um dos grandes musicólogos brasileiros. Um renomado artista de muitas facetas!

Úrsula e Melanie, grata pela adorável visita!

Um abraço a todos vocês!

nydia bonetti disse...

Renata
Que beleza de post. Sim, o autor se arrisca. E risca, como risca. Ainda assim nos equivocamos com freqüência. Faz parte. :))
beijooo

Talita Prates disse...

Rê, querida,
obrigada pela visita.
É que são muitas EMOções... rs
Eu amo o Mário! :)
Bjão!
Paz.

kiara Guedes disse...

Amei a visitinha renata! Volte semopre, super volte mesmo... Gostei daqui, virei sempre passear...
Bjs, meus.

Tangerina disse...

É, somos, e eu sou do dia 08!
Adorei aqui.
Vou procurar! Gostei.

Um beijo.

nina rizzi disse...

é raro eu me embebedar dos próprios versos.

e destes quatro muito :)
beijo.

Renata de Aragão Lopes disse...

Verdade, Nydia! Arriscamos e nos equivocamos amiúde. Obrigada pela visita! Espero que retorne.

Bacana, Talita! Precisamos recorrer aos renomados. Só temos a ganhar com isso. Beijão.

Kiara e Flor, que bom que gostaram do doce de lira! Voltem sempre! Beijos.

Deleite-se, Nina! : )

BAR DO BARDO disse...

Arriscou e ganhou!