terça-feira, 19 de outubro de 2010

Rasante





O que tem
no peito?
Uma caixa-preta
em perfeito
estado
que contém
cada dado
(indevassável)
de sua cabine:
o que pensa
(mente),
o que sente
(crença)
e até,
bem provável,
o que você
nem define.

O que me soa
mais triste?
É que
(ao que parece)
você só existe
dentro da caixa
e voa,
amiúde,
em altitude
tão baixa,
como quem
desconhece
(incapaz)
a magnitude
(prece)
das asas
que traz.


Presente de aniversário.

36 comentários:

Gustavo disse...

Coisa linda, Renata. Por vezes não reconhecemos nossa real capacidade e rastejamos, quando fomos feitos pra voar. Viajei neste avião que tão bem construiste em seus versos.

Parabéns, poetisa.

Beijos

Daniela Delias disse...

Linda metáfora...amei essa "imagem" da caixa-preta!
Bjo!

há palavra disse...

da condição [des]humana...
abraços!

Unknown disse...

Renata!

Impressiona-me sempre sua arte e criatividade em tudo que faz. Como se
tivesse uma varinha de condão em cada dedo, ajudada pela mente brilhante, e pela caixa (não preta) mas em lusco-fusco na mente e no peito.

Fantástico poema.

Li abaixo "aniversário", não sei se do blog, ou seu.

Parabéns por tudo.

Obrigada por fazer parte da lista de minhas predileções.

Beijos

Mirze

MariaIvone disse...

Renata, seu poema é tão lindo que até doi!
As palavras fluem como se voassem expondo as verdades de nossas vidas. Não é medo da altitude, mas pavor do desconhecido que limita nossos voos.

Beijo
MariaIvone

Tiago Moralles disse...

Já leu O Natimorto, do Mutarelli?
Você vai adorar a narrativa dele.
Microbeijos Doce Rê.

Noslen ed azuos disse...

inspiradíssimo poema, este de levantar vôo!

bjs
ns

Luria Corrêa disse...

que belo poema Renata. Simples e envolvente.

beijos :)

BAR DO BARDO disse...

Muito bem!

Edu disse...

Re,

Nesse você se superou. Desde as inconsistências humanas contrastando: pensa (mente), sente (crença) até a visão míope que temos de nós mesmos. Muito bom!

Dos seus, alcançou status de um dos meus preferidos!

Bejo!

Helena Figueiredo disse...

Olá Renata,
obrigada por teres passado no meu Teatro de Sombras e teres deixado um amável comentário. Vou visitar o teu cantinho, doce de lira, que me parece cheio de boas leituras.
Saudações de Portugal.
Helena

Adriana Godoy disse...

Beleza, Renata! Uma visão poética do coração humano. Muito bom. beijo

Márcio Ahimsa disse...

às vezes,
tantas quantas,
o peso - aço -
mais denso
não é
o tamanho
do corpo,
mas a falta
de vento
para alçar
pensamentos
no ar.
às vezes
é tão imenso
o sonho,
que as asas,
curtas,
temem não
conseguir
carregar...
e sonho
é sempre
do tamanho
da força
de uma
mão fechada
e segura:
cabe ali
dentro.

Moni Saraiva disse...

Que lindo convite ao voo, Rê!

Tomara que o presente,
chegue como recado -
bem dado
E esse céu oferecido
seja do mais lindo voar,
distraído!

Beijo, querida!

Cria disse...

Perfeita metáfora ! Beijos.

Anônimo disse...

Alguns não sabem até onde dá pé, ou o quanto aguentam suas asas.

Beijo, flor.

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Linda metáfora cheia de significados!

Lucão disse...

Eita, que versos mais bonitos.
:)
No peito, o que tinha na caixa eu despejei sem critério e pra todo mundo ver
:)

Anônimo disse...

parabens Renata. você tem um potencial de dar inveja (boa claro)
que coisa mais linda
bjs tesoura

Anônimo disse...

deelicioso!

Marcello Lopes disse...

Oi Renata.

Já te falei que você me assusta ?

Fico arrepiado de ler suas palavras e me assusto pq elas encontram eco no meu peito.

Muitos beijos.

Lai Paiva disse...

Rê, lindo, bela construção. Beijos, querida.

Vi e Ouvi Por Ai disse...

Lindo poema e cheio de metáforas!!!Quero voar tão altooo e para longe se possível um pouquinho todo dia hehehehe...

Dri Barata disse...

Que bom
que tua caixa-preta
é transparente
e tu te expões assim,
branca, bela e brilhante...

Minha Menina das Reticências... quantas exclamações já arrancou!

Achei-te.
Por fim...
E muito quero falar-te.
Na verdade um convite urgente
e muita, muita saudade.

Vou para fazenda no sábado 23/10
mas antes queria te mandar um email, um roteiro e um convite para integrar a equipe de um curta-metragem como consultora jurídica e ambiental.Sei que teremos muuuuito para "costurar" e muito tempo para "revoltar" nossa amizade de vassouras e liras docemente encantadas.

Meu email clarabruma@hotmail.com
ESCREVE P'REU RENATINHAAA!!

Mtos beijos para ti e Poli
Dri Barata

OBS: Peço desculpas aos líricos seguidores da doce Renatinha por usar esse espaço com tão mundanas palavras. A causa é justa: perder contato com ela é perder a parte rica da vida.

Unknown disse...

Renata!

Há um selo no Meu Lampejo esperando por você.

Espero que goste!

Beijos

Mirze

Ju ♥ disse...

agora é só voar mais alto...
bjs

Zélia Guardiano disse...

Lindo, leve, solto, Renata!
Parabéns!
Grande abraço, querida

Andrea de Godoy Neto disse...

Renata, é um lindo poema-presente!
e se eu conhecesse menos do que ele diz, acharia menos triste. Porque é triste e dolorido ver uma águia presa dentro de si.
Mas não podemos alçar voo por eles, não é?

e tua poesia, esta risca o céu bem alto!
beijos

Anônimo disse...

Querida poeta, quanta saudade! Que delícia que é saborear esse doce, leve, suave, sutil e tão profundo.. Parabéns!!! como sempre, A M E I!

Beijos ml

Ariadna

nydia bonetti disse...

Que maravilha, Renata. Grande poema. Quem tiver asas, voe... Há sempre os que as têm mas não sabem (ou não querem) voar. beijo.

RICARDO disse...

Genial Renata!

Esse poema me fazem viajar(e voar)!

Beijo

Sabrina Davanzo disse...

Lindo, Renata!

Beijos

Tiago Medina disse...

Aí eu termino de ler fico pensando, pensando...
Belo texto.

beijo

Daniela disse...

Vou divulgar seu blog no meu grupo de poesias de Brasília. Sempre tem concurso e tenho certeza que seus livro seria publicado.

Talita Prates disse...

"tomei" pra mim...
(essa questão 'tá tão urgente e grande aqui dentro no momento...)

um bjo,

Tatá.

Marcelo Novaes disse...

Renata,



Isso me lembra um sonho de uma mulher afagando o rosto do namorado numa praia, e lhe dizendo: "Como somos solitários, né?!".


No seu texto, o dono da caixa parece não ter tão boa vontade, então essa porção do desconhecido-em-nós fica exacerbada por escolha. A esta escolha, a poeta chama "covardia".





Um beijo, amiga.