Em oraçãosincerae o coraçãoem espera,eu Lhe fizum pedido.Com as mãosem punho,aos irmãostestemunho:eu o tiveatendido.Obrigada a Nossa Senhora de Fátima por este presente!
Há quem não goste de Natalpor se recordar dos ausentes,por ser tempo de presentes,por lhe faltar alguma fé.Já eu aprecio a data pelo que é:a saudade de entes queridos,o mimo aos meus preferidos,a oração familiar de pé...
sei lá...Natal e verãoparece que não virãodezembro passarásem noite de estrelae sol vilãoo céu serátodo escuridãoe tempestadee sem luz e calorhaverá felicidade?sei não...Imagem: A noite estrelada, de Vincent van Gogh, 1889.
tudo que digoé honestoquase tudo que caloé funestoamigonão merece abaloos outros?que decifrem meu gesto

que haja
lição
em braile
diálogo
em libras
acesso
a espaços
que haja
competição
esportiva
catálogo
de artistas
ingresso
a carreiras
que haja
integração
que não houve
do análogo
que não vê ou não ouve
progresso
daquele que não se move
que haja
ação
do governo
decálogo
em prática
afeto expresso
de quem se comoveDia Internacional do Deficiente Físico.
tenho andado cansadade tantas pedras na estrada:ao meio,às margens,em planaltose vargens,reaisou miragenstenho andado cansadade minhas pernas na estrada:com câimbra,dormência,dore ardência,ânsiae urgênciae não há chegada?é sem fimessa estrada?tenho andada cansada[de mim]Escrito em 14 de setembro de 2010.
que diferença faz
a cor da tua pele,
a textura do teu cabelo,
o passado da tua raça?
fica em paz!
o branco que se rebele
contra o próprio desmazelo
a irmãos de mesma graça.
- hipocrisia
de um povo mestiço
que se rejeita no outro
sem se dar conta disso.
- ignorância
de quem não percebe
que somos nós todos
de uma só plebe.
Dia da Consciência Negra.
Havia planos, Deus!(...)Mas eu não sabiaserem todos meus.
Por que pensastanto em dinheiro,se sabes que,além de bens,nada tensde verdadeiro?Sequer conseguessorrir como faço:com o desembaraçodas mãos vazias.Nas digitaisde teus dedos,há cifrões.Nas minhas,cifras e poesias.
Já me indagaramsobre a água do meu banho,imitaram meu perfumee se benzeram com arruda.Já me pediramque criasse algum rebanho,pra seguirem em cardumemeu livro de autoajuda.Como se casar em três mesese ainda se casar por três vezesantes de chegar aos trinta e três?Não há feitiço, nem mistério.Isso tudo é muito sériopara a minha lucidez.Escrito ao som de Raul Seixas, na estrada Tiradentes/Juiz de Fora, no dia 1º de novembro.
Por que só agora
e não antes?
Há muito
seríamos amantes.
Felizes, talvez,
desde outrora.
E por que não o fez?
Por que só agora?
Que espécie de amor
é essa,
a viver desprovida
de pressa?
É amor que aguarda
retorno
ou que apenas se guarda,
como se morno?
Por que só agora
e não antes?
Temia
que nos fizesse distantes?
O que se perde de vida
a cada hora...
Pretendia dizer-me algum dia.
Pois me diga: por que só agora?
tivesse varinha de condão,
minha vida não seria tão distinta
talvez mais tempo livre
para preenchê-lo
a coragem de pôr tinta
laranja no cabelo
uma granja
em que criasse galinhas
a certeza de ter suas coisas
junto às minhas
nada além,
que a vida se basta...
[tivesse varinha de condão,
daria essa convicção à outra casta]
Em agradecimento à poetisa Mirze Souza,
por me ver com uma varinha de condão em cada dedo.
O que tem
no peito?
Uma caixa-preta
em perfeito
estado
que contém
cada dado
(indevassável)
de sua cabine:
o que pensa
(mente),
o que sente
(crença)
e até,
bem provável,
o que você
nem define.
O que me soa
mais triste?
É que
(ao que parece)
você só existe
dentro da caixa
e voa,
amiúde,
em altitude
tão baixa,
como quem
desconhece
(incapaz)
a magnitude
(prece)
das asas
que traz.
Presente de aniversário.
é melodia baixaque se repetea mesma faixaa mesma faixaa mesma faixaé poesia em tomde ladainhao mesmo somo mesmo somo mesmo somé elegia remotae sem fima mesma notaa mesma notaa mesma notaImagem: Tristeza, tela de Nilza Silva.
ele pediu votocomo se fosse ingresso.admitiudesconhecer o Congresso.prometeu auxílioaos pobres e a si.candidatou-secomo quem dança e ri.alegou ao povoser ele a verdade.recebeu de São Pauloreal credibilidade?Tiririca foi o Deputado Federal mais votado no país.Já dizia Raul Seixas,ao citar Aleister Crowley em Sociedade Alternativa:Faz o que tu queres,há de ser tudo da lei.
nenhuma ruga sua é sem motivoo rosto é o retrato de sua históriaa prova inconteste de que está vivoguardada em cada vinco uma memóriatalvez seu caminhar seja mais lentonatural fazer-lhe o tempo um agradosem pressa pode admirar o ventomover cada cabelo cacheadoé possível que se sinta sozinhosem alguns amigos pelo caminhoe chore então um silêncio saudosotoda essa sua emoção desmedidaé porção que lhe sobeja de vida- somente a certidão lhe diz idosoCem anos é uma bobagem.Depois dos setenta, a gente começa a se despedir dos amigos.O que vale é a vida inteira, cada minuto também, e acho que passei bem por ela.Oscar Niemeyer, nascido no Rio de Janeiro, em 15 de dezembro de 1907.

viagra genérico:
o prazer a preço módico
sem critério médico
Como posso crer no candidato,se antes do mandatoele já suja a cidade inteira,a cara lavada em óleo pra madeirapisoteada por cada pessoa que passa?Campanha limpa honra o asseio pelo passeio.Respeita o chão que é público e alheio.Prioriza o discurso e não o panfleto:a sua fala em branco e preto.Aquele lá é predadora só ver o eleitorcomo caça.
E quem é vocêpara oferecerconselho?A ironiade todo diadiante do espelho.Alguémque já viveu alémdo esperado?O sarcasmoem pleonasmodisfarçado.Ninguém lhe disseser toliceo que pensa?O desafioem feitiode ofensa.Decerto que não- respondi secamente -que não sou de sermão,mas de ser confidente.De uma amiga confidente para uma amiga de Conselheiro.
Eu tambémnão amomelhornem piordo que ninguém.Amo como sei.Nem do jeitoque aprendi,mas simde como inventei.Um amorcujo fimseja sempre possível,queira Deusimprovável.Um amorque a mimpareça infalívele à poesia,quase inefável.É assimque eu amo:com lábios e língua,hálito, salivae todos os dentes.Desde que o outronão me deixeà míngua,que só há amoresse equivalentes.Escrito a partir de O amor e o outro, de Affonso Romano de Sant'Anna.
sempre saioa caminho das letrase me percoentre sílabasas palavrasnão têm lugar
Estou sempre de partida,que não sei estacionar-me.Vaga, a ti não parecea vida sem charme?
Sexo se faz com tão pouco:corpo,intenção,movimento.Amor é bem mais complexo:alma,atenção,alimento.Fato a que não se atravessa:sexo sem amor é ato,amor com sexo é peça.Imagem: Romeu e Julieta.
Ao trocar de lugar contigo,eu ponho em ti o meu umbigo.E se te faço algum bem é por mim:eu, distinto do que vim.Já dizia Raul Seixas,falecido há exatos 21 anos:O meu egoísmo é tão egoísta que o auge do meu egoísmo é querer ajudar.
Não admitoque me ditemas letras.Não há ritopra que se editemos versos.Vale o escrito:livre, por conseguinte.Tão mais bonito,quanto menor o requinte.Escrito a partir de O trágico dilema, de Mário Quintana:Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer,é porque um dos dois é burro.
você me chamade gatae eu lhe digoquem me deraeu teriasete vidas:uma pra cadaquimeradesde quegarantidassuas mãosà minha esperaPresente de aniversário.
tantos os porquêsque optou pela mudez:disse-lhes bem mais
Jamais adia
sim ou não.
Repudia
a dúvida.
Prefere
precipitação
a inércia.
Ainda que tropece.
Até quem a conhece
a diz insana.
Mas se a julga
infeliz
se engana.
A vida, curto intervalo.
Alguns vão a pé.
Ela segue a cavalo.
Fotografia minha: Cedro.
poeira finatalvez purpurinaque se tem à mãode que só se apercebeaquele que a vêpender ao chão
meu sonho de meninaparece de éter agora:me alucinae se evapora
A obra que se fez do encontrode doze poetisas espalhadas pelo Brasilserá oficialmente lançadadurante a 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo,no estande da LivroPronto Editora,de 12 a 22 de agosto deste ano.O pré-lançamento será hoje às 20:30 h.,na Casa de Cultura Popular em Caicó/RN,terra natal de Hercília Fernandes,organizadora do livro.Em Belo Horizonte/MG,o lançamento ocorrerá no mês de setembro,em local e data a serem ainda confirmados.Registro, desde já,minha satisfação e alegriaem ser uma dessas dozes Mariasde mãos dadas em tão bela obra!
Há tantosbons modosde alienar-se.Pra queo disfarce?É incapazde saciar-secom prazeresinofensivos?Precisa exibir-sevoraz,autopredadorentre seres vivos?Diante do espelho,empenhe-se ao pavorde descobrir-sea própria presa.Até lá,conselho algumlhe farádefesa.Após Pulp Fiction,de Quentin Tarantino.Imagem: Remorso,de Salvador Dalí, 1931.
osciloentre o que ée o que suponho,realidadee sonho,lucideze devaneiotitubeioentre o que vejoe o que imagino,desejoe desatino,cupideze desprezoà falta de um contrapeso
sabe-severdadeirauma amizade,não por proximidade,mas por sua essência:aroma de permanência
o mais tristeé o despisteo faz-de-contada não afrontao descasoa longo prazoa inverdadeda intimidadeo mais feioé pôr-se alheioa hipocrisiado bom diaa asperezada gentilezao improvisodo sorriso[como se não se amassem]
Assimque chegaao lar,livra-sede anel,brincoe colar...Por isso,não se tatua.Sem o prazerde despir-setoda,nunca maisestaria nua.Escrito a partir de:"Revelar a tatuagem é revelar o que, no corpo,esconde-se mais do que o próprio corpo,com o propósito, entretanto, de se revelar."Francisco Bosco, em Tattoo You, de Banalogias.
Insaciável a parede.Tão logo pintada,novamente se enchede sede.A perder-se,quase chegaa coitada:trincae infla,de si infiltrada.E, recostada à cabeceira,como se aindaà beira de um sonho,com a tintaeu me ponhointrigada,a indagar:_ A que assistiucada camada?Pois se logose consumiu a parede,não há de ter sidopor nada.Durante leituras de Manoel de Barros.
A vida é uma viaaonde se passa sem volta.A vida é um havia.
Se te sou motivode desagrado,porque vivoa te pedirpalavrasde apaixonado,por que te manténs,com tantos poréns,enfim,ao meu lado?É assimque amoe bem conheciasesses meus modosde século antepassado:o apego às poesias,o apreço pelo fado,o sossego das mãosem repousono avesso do bordado.Vazias,mas sempre ao aguardode um afagomais que querido,tido por inesperado,que te ponhasa meus pésrendidoe em minhas fronhasenamorado...Imagem: A Girl Reading in a Sailing Boat,de Alfred Chantrey Corbould, 1869.
Sobretudo à crítica,é imprescindível educação._ Narra o jogo, Galvão!
---------------faço-me-------------novelo de lã-----------teço-me casulo-----de modo que toda manhã-------chamam-me ao lençol-----------pra beber o sol----------------engulo-------------------e-------------------m--------------x-í-c-a-r-a-------------------d-------------------e-------------------a-------------------s-------------------aDurante leituras de Leminski.
Antes que te vás, merecidamente em paz,para conheceres os tantos saberes que nos são dormentes em vida,permite-me, por obséquio, uma tão breve despedida,que não ousaria atrasar-te a ida.Segue, homem, com toda honraria e haste à Ilha Desconhecida,consternada te digo, pois deixaste cada obra tuacomo que autografada comigo."todas as ilhas, mesmo as conhecidas,são desconhecidas enquanto não desembarcamos nelas"O Conto da Ilha Desconhecida
cortina cerradaa pálpebra enceradaas lágrimas secas
noitede estrelassem letrastudocomo gostariaum romancemudocom a poesia
Chamem-me de patriotaà vontade.Eu amoonde nasci.É daquiminha naturalidade.Distante,estou fora d'água,com a mágoade minha falanão ser boao bastante.Meu chão é este,em que pisoe me pronuncio,em que não precisodo desvioda língua e origem:palavra,paladar,papel moeda,lugare bandeira.Meus olhos,alhures,a tudo corrigem.Sou de almabrasileira.
Seráessa maniade revirar tudotão feminina,porque,um dia,toda meninabrinca de casinhae faxina?
O destino,senhor ou nãode si[que diferençafaz]um dia nos traze sorri,noutronos retirae lamenta.Da Terra[que gira]ir e virsão gracejosde menta:ardem,à medidaque venta.Para Tereza.